Hoje iremos tratar sobre uma propriedade determinante na identificação macroscópica dos minerais: clivagem.
Introdução
Clivagem é a capacidade que um mineral tem de se fragmentar em planos paralelos, podendo um mesmo mineral ter mais de uma clivagem, como a cianita. Ela é fundamental pois define grandes grupos minerais como uma consequência de sua definição, que baseia-se na estrutura interna dos mesmos.
Foto da Fluorita (4 direções de clivagem), Fonte: Sávia M. Conceição |
Isso ocorre porque a clivagem é uma propriedade vetorial, ou seja, ela pode variar de acordo com a direção em que ocorre no corpo do mineral.
A clivagem se apresenta visualmente com linhas retas e paralelas entre si, demonstrando um padrão de fragmentação entre as partículas do mineral. Além disso, a clivagem de uma mineral pode resultar, também no aspecto visual, e algumas "formas", como um cubo, por exemplo. Entretanto, há clivagens que se apresentam em planos, e por definição, paralelos entre si.
Essa propriedade é medida através de dois parâmetros principais:
- Quantidade de direções diferentes formadas pelos planos;
- O ângulo formado entre essas direções.
Basicamente, no segundo parâmetro indica-se se o ângulo é diferente ou igual a 90º. Ou seja, um mineral pode ter duas direções de clivagem que formam um ângulo igual ou diferente de 90º.
Por exemplo, o ortoclásio, um mineral bastante comum na crosta terrestre(sendo até mesmo considerado por alguns autores como o mais comum), apresenta uma clivagem de duas direções igual a 90º.
Já outros minerais possuem clivagem de uma direção, e neste caso, é impossível enunciar o segundo parâmetro, pois não há como formar ângulos. Um exemplo claro são as micas, com ênfase na Biotita e na Muscovita.
Esses minerais geralmente apresentam uma clivagem perfeita de ser visualizada, e apresentam-se em folhas muito finas que podem ser removidas muito facilmente.
Classificação:
A clivagem pode ser classificada de duas formas: quanto a qualidade dos planos e quanto a quantidade de planos(e o ângulo formado entre os mesmos).
Classificação quanto a qualidade:
- Excelente: reproduzida facilmente, podendo ser "desmontada", em muitos casos, até com a ponta dos dedos. A superfície de clivagem é extensa e lisa, produzindo alto brilho. Exemplo: Grupo das Micas.
- Perfeita: também é reproduzida facilmente, sendo que o mineral se quebra com muita facilidade em outras direções. Os planos tendem a serem extensos e lisos. Exemplo: Calcita, Fluorita.
- Boa: a extensão dos planos é interrompida muitas vezes por fraturas e tem o brilho pouco intenso. Exemplo: algumas amostras do Ortoclásio.
- Má: estes planos não possuem pequenas extensões e é interrompida ao longo por muitas fraturas , podendo não ser vista pelo identificador. Exemplo: Berilo.
Classificação quanto à quantidade: deve-se informar o número de direções no formato "(número de direções)d", e em seguida, deve-se informar se o ângulo entre os planos é igual ou diferente de 90º.
- Clivagem indistinta: quando não existe nenhum plano liso no mineral, em que este possui irregularidade na sua superfície.
- 1d: apresenta apenas um plano em sua superfície em que cuja representação é parecida como curvas fechadas ou como folhas de cadernos, podendo ser comum no Grupo das Micas. Tendo Clivagem Excelente.
- 2d = 90°: estes planos podem ser vistos como pequenos degraus de uma escada ou linhas paralelas em um plano.
- 2d diferente de 90°: quando possuem a percepção que escadas de pequenos degraus estão contorcidas em uma determinada perspectiva.
- 3d = 90°: é parecido com um cubo, assemelhando-se com uma caixa. Exemplo: Grupo da Barita.
- 4d: esta clivagem é compostas por interseções entre linhas em que estas formam um triângulo entre si.
- 6d: é visualizada como um dodecaedro, tornando muito difícil o avistamento desses planos. Muito incomum. Exemplo: Sodalita e Esfalerita.
Escritor por: Rafael Ladeia e Rangel Santos
Editado por: Mauricio Almeida e Rafael Ladeia
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