Dando seguimento a nossa série de artigos sobre a estrutura da terra (confira o último artigo, A Teoria da Deriva Continental), iremos entender como se dá a sequência de processos responsáveis por movimentar as crostas e posteriormente formar continentes e oceanos. Esta sequência na verdade é chamada de ciclo, pois não possui um fim específico, podendo retornar ao estado inicial. O responsável por elaborar este ciclo que denominamos de "Ciclo de Wilson" foi o geofísico e geólogo John Tuzo Wilson (1908-1993) em seu trabalho “Did the Atlantic close and then re-open?”(em português, "O Atlântico se fechou e reabriu?"), publicado na revista científica britânica 'Nature' de 1966.
Animação que ilustra a abertura dos oceanos. Por Original upload by en:User:Tbower - USGS animation A08, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=583951 |
Etapas do Ciclo de Wilson
Segundo Wilson, os processos que possibilitam a formação e extinção de um oceano, são o rifteamento, subsidência, abertura do Oceano, início da subducção, fechamento da bacia oceânica e, eventualmente, colisão continente-continente. Pode-se dividir a sequência de processo em sete fases, sendo elas:
- Cráton: parte da crosta continental que está tectonicamente inativo, ou seja, não possui nenhuma atividade sísmica ou vulcânica em um determinado momento. Exemplo, Cráton São Francisco, Brasil.
- Domo: ocorre quando uma pluma magmática proveniente da astenosfera ascende em direção ao cráton, exercendo pressão sob o mesmo, causando assim seu arqueamento. Exemplo, Planalto da Bororema, Brasil.
- Rift: após essa porção da crosta terrestre ser submetida à pressão e temperatura da pluma magmática(hot spot), causando uma deformação e posteriormente seu arqueamento, possivelmente isso causará o rompimento ou rifteamento da base ao o topo da crosta. Exemplo, o Rift Valley, África.
- Mar fechado: o rifteamento vai evoluir para uma divisão da crosta terrestre formando um limite divergente, sendo a sua separação promovida pelas correntes de convecção, e posteriormente ocorrerá o preenchimento desse espaço entre as placas recém-formadas com água do mar, porém ainda em um estágio não tão avançado de separamento. Exemplo, Mar Morto, Israel.
- Oceano: um estágio mais avançado, em que os dois blocos continentais se separam devido ao abastecimento de magma no limite divergente ali presente e a consequente instalação de uma dorsal meso-oceânica onde se acumulam sedimentos no fundo oceânico principalmente nas margens continentais. Exemplo, Oceano Índico.
Funcionamento de uma dorsal meso-oceânica.
Por USGS - http://geomaps.wr.usgs.gov/parks/animate/index.html, Domínio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=13424851
- Subducção: ocorre a colisão de placas nos limites oceânico/continental (convergente), na qual desenvolve-se as fossas oceânicas. Nesses limites, a placa continental provoca a subducção(processo de descida) da placa oceânica devido a maior densidade dessa crosta, logo por ser mais leve a crosta continental "cavalga" sobre a crosta oceânica, sendo que a crosta oceânica reciclada no manto, transformando-se em magma ou alojada no "cemitério das placas". Há também a formação de cadeias montanhosas no segmento continental da crosta, e a formação de magma devido a fusão parcial da mesma, caracterizando a "anatexia crustal". Exemplo, Limite entre as Placas de Nazca e Sul-Americana.
Zona de Subducção.
Por Lmb de es, CC BY-SA 3.0,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=994328
- Colisão: ocorre por causa do fechamento do oceano e em seguida a aproximação de dois continentes, onde acabam colidindo e se transformam em uma cadeia montanhosa, caracterizando o processo "orogenético". A "fase de Geossutura" ocorre quando as crostas oceânicas envolvidas no processo são totalmente fundidas pela subducção das mesmas. Exemplo, Himalaia.
E assim se dá a sequência de processos onde ocorrem formação, desenvolvimento e fechamento de um oceano, sendo que esses processos podem ser interrompidos em qualquer estágio e assim não completaram o Ciclo de Wilson.
Mapa com os crátons do mundo e suas idades (texto em italiano). Por Ciaurlec - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=12405442. |
Vídeo explicativo
Abaixo encontra-se um vídeo do blog Minutos da Geologia, no qual é explicado o Ciclo de Wilson. Avisamos que no vídeo são utilizados alguns termos que não foram citados neste artigo, porém é possível visualizar claramente o desenvolvimento dos processos acima explicados, nas animações e ilustrações contidas no conteúdo do vídeo.
Caso não consiga visualizar o vídeo, clique aqui.
Fontes/Referências:
- NEOTECTÔNICA. Geotectônica tectônica global. Disponível em: <http://www.neotectonica.ufpr.br/aula-geotectonica/aula5.pdf>. Acesso em: 08 abr. 2017.
- TAOLI, Fabio; TEIXEIRA, Wilson. Decifrando a terra. 2 ed. [S.L.]: IBEP NACIONAL, 2009. 624 p.
- Anotações e Afins.
Escrito por Mauricio Almeida
Editado por Rafael Ladeia
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