Espeleologia - Relevo Cárstico e Espeleotemas - Sobre Geologia

25/09/2017

Espeleologia - Relevo Cárstico e Espeleotemas

Como visto anteriormente no primeiro artigo sobre espeleologia, essa ciência trata do estudo e observação, em geral, das cavernas e grutas. E, para dar continuidade ao tema, falaremos nesse artigo sobre o relevo cárstico e suas diversas feições. 
O estudo desse relevo é de suma importância para a sociedade em razão de diversos fatores. Por exemplo, no âmbito econômico, que é, por sua vez, responsável por movimentar a economia de várias cidades no mundo todo, através da atração turística promovida pelos relevos cársticos, principalmente nas cavernas e grandes depressões d'água.Também no aspecto socioambiental, através do grande potencial de abrigar aquíferos em sua estrutura e posteriormente ser um manancial de abastecimento público, entre outros.

Fonte: http://www.countryexplorers.club/stone-forest-china/stone-forest-china-wallpaper/ - Relevo Cárstico


O relevo cárstico é produzido quando uma rocha solúvel é submetida a ação química da água (ácida), fazendo com que ocorra a dissolução dos principais constituintes dessa rocha e, por consequência, haja a remoção do material da mesma. Por isso, esse tipo de relevo está constantemente associada em sua totalidade as rochas carbonáticas, tendo em vista a predisposição da mesma à atuação dos processos de dissolução. 
Apesar disso, existem estudos que comprovam a ocorrência do relevo cárstico em outros tipos de rochas, como, por exemplo, as siliciclásticas. Embora possuam baixa solubilidade, houve a identificação do processo de carstificação em rochas siliciclásticas no continente africano, desconstruindo, assim, a relação unitária entre o relevo cárstico e as rochas carbonáticas. 
Nas rochas siliciclásticas o processo de carstificação, segundo Martini (1979), acontece em duas etapas: na primeira, o intemperismo químico atua no domínio intergranular, dissolvendo o cimento composto pela sílica amorfa, promovendo a separação dos grãos de quartzo. 
Na segunda etapa,  a erosão predomina, evacuando esses grãos principalmente pelo processo conhecido como piping (processo erosivo que provoca o arraste das partículas formando canais em formas de tubos a partir das paredes e dos fundos das erosões (MAURO, 2001)). 
Para ocorrer a dissolução da sílica, é necessário algumas peculiaridades e bastante tempo, não sendo comum encontrá-las facilmente por aí. Ainda há muito debate no meio científico a respeito desse conceito mais amplo da carstificação, por isso é comum encontrar em livros e artigos um conceito mais restrito, relacionando o termo cárstico somente às rochas carbonáticas.

Entendido bem o conceito do relevo cárstico, vamos entender suas principais feições:

Imagem retirada do slide de Geomorfologia Cárstica do Professor Francisco Sergio Bernardes Ladeira - Unicamp

  • Dolinas: as dolinas são depressões circulares fechadas, associadas ao rebaixamento topográfico coadjuvado por fenômenos cársticos de sub-superfície, caracterizando um carste inumado. Existem diversos tipos de dolinas, sendo elas: (a) dolinas de dissolução, que ocorrem geralmente nas interseções de juntas ou fraturas da rocha, e conduzem à captura da drenagem e consequentemente, à dissolução e ao alargamento da cavidade; (b) dolinas de colapso ocorrem geralmente pela queda do teto de cavernas, formando paredes íngremes na cavidade, que são rapidamente degradadas por dissolução e ação do intemperismo físico; (c) dolinas de subsidência são caracterizadas pela presença de uma cobertura de depósitos superficiais que colapsaram rápida ou sucessivamente, dentro da cavidade da rocha; (d) dolinas de colapso de rochas subjacentes ao carste são formadas pela dissolução de uma rocha sobreposta por outras rochas; e, por fim, as (e) dolinas aluviais que são caracterizadas pela presença de solo ou outro depósito superficial sobre as rochas solúveis, podendo ser formadas por dois processos, (Beck, 1986; White, E.; Gert; White, W., 1986) a primeira por mobilização do material pela água superficial, e a segunda pela cavidade na cubertura aluvial, desenvolvida por colapso ou por lenta subsdência. Segue a imagem para melhor compreensão:
    Imagem retirada do slide de Geomorfologia Cárstica do Professor Francisco Sergio Bernardes Ladeira - Unicamp
  • Lapiás: Os lapiás são formados pela dissolução na parte mais exterior da rocha, ou seja, na interface com o solo, ocorrendo abertura de fendas. Com a continuação desse processo, as fendas vão ficando cada vez maiores e, eventualmente, as rochas são completamente separadas e formam campos de rochas niveladas ou padrões de sulcos e gretas, o solo e a vegetação pode ocupar esses espaços.
    Fonte: Chico Ferreira [CC BY-SA 3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)], via Wikimedia Commons - Campo de Lapiás
  • Uvala: é uma depressão alongada oriunda da coalescência de dolinas, e corresponde a uma evolução do carste.
Fonte: http://www.castillalamancha.es/gobierno/agrimedambydesrur/estructura/dgapfyen/rednatura2000/zecES4230008

Fonte: http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap2/
  • Sumidouros: é uma abertura natural no qual um curso d'água penetra e se conecta com um uma rede de galerias.
    Fonte: <http://turismo.ig.com.br/destinos-internacionais/2016-02-22/a-beleza-e-o-misterio-do-covao-dos-conchos-famoso-buraco-da-serra-da-estrela.html>
Com o fim de mais um dos artigos relacionados a espeleologia, foi abordado a importância dessa área da ciência geológica, e também o seu objeto de estudo de forma bastante clara. Se você não leu o artigo anterior, basta clicar nesse link > espeleologia <.


Referências:

  • FABRI, Fabiana; AUGUSTIN, Cristina Helena Ribeiro Rocha; AULER, Augusto Sarreiro. RELEVO CÁRSTICO EM ROCHAS SILICICLÁSTICA: UMA REVISÃO COM BASE NA LITERATURA. Revista Brasileira de Geomorfologia, São Paulo, v. 15, n. 3, jul./set. 2014.

  • REVISTA UFPE. A Formação de Dolinas em Áreas Urbanas: o Caso do Bairro de Cruz das Armas em João Pessoa-PB (The Formation of Dolines in Urban Areas: The Case of Cruz das Armas in João Pessoa-PB). Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/rbgfe/index.php/revista/article/viewArticle/133>. Acesso em: 24 set. 2017.

  • FLORENZANO, Teresa Gallotti. Geomorfologia: Conceitos e Tecnologias Atuais. [S.L.]: OFICINA DE TEXTOS, 2008. 320 p. 

  • GEOCACHING. Campo de Lapiás. Disponível em: <https://www.geocaching.com/geocache/GC2KM0K_campo-de-lapias?guid=d0971e5e-5a8f-4210-af2e-330113db60dd>. Acesso em: 24 set. 2017.


Artigo escrito por Mauricio Almeida e editado por Isabela Rosario