Minerais metamórficos de alumínio - Sobre Geologia

26/05/2019

Minerais metamórficos de alumínio

A recristalização mineral ocorre naturalmente nos processos metamórficos, pois envolve temperaturas e pressões que desfazem as ligações químicas originais e formam novas, podendo resultar no mesmo mineral de antes (caso dos quartzitos, no qual o quartzo se recristaliza novamente em quartzo) ou não.

Introdução

Percebe-se que os blastos (minerais originados durante o metamorfismo, frutos da recristalização) de rochas cujos protólitos são rochas pelíticas (sedimentares de granulação fina) mais comuns são aqueles nos quais o alumínio é o elemento predominante em sua composição, pois o que normalmente as compõe são argilo minerais, ricos no elemento em questão. Eles (os blastos) serão o tema deste artigo

O primeiro a ser citado aqui é a sericita – KAl2(AlSi3O10)(OH)2 –, mica polimorfa da muscovita. Convencionou-se que sua presença determina o fim do processo diagenético (de formação de rochas sedimentares) e inicia o metamórfico, pois já caracteriza recristalização, apesar da temperatura e da pressão estarem baixas em comparação a outros processos geológicos. Contudo, tem como principal evento de formação o metamorfismo de soterramento, no qual a pressão litostática, ou seja, a pressão das rochas e sedimentos sobrepostos, é o fator determinante. Sua temperatura e pressão de formação são relativamente baixos, classificando-se como incipientes. Sua presença é comum em meta folhelhos e ardósias. Com a intensificação do processo, como na exposição destas rochas ao metamorfismo regional, ocorre a formação de micas de maior temperatura e pressão, como biotita – K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(OH)– e flogopita – KMg3(AlSi3O10)(OH)2, minerais que caracterizam os mica xistos.v   
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Amostra da mica biotita
Fonte: https://twitter.com/hashtag/biotita

Em seguida temos os polimorfos cianitasillimanita andaluzita – AlAlO(SiO4). A cianita é um geobarômetro, o que significa que é um mineral de pressão, ou seja, nos permite ter certa noção do intervalo de pressão possível a qual a rocha foi submetida. Sua gênese se deve ao metamorfismo regional/dinâmico. A sillimanita é um geotermômetro, pois nos permite supor um intervalo de temperatura na qual a rocha pode ter sido submetida, sendo gerada pelo metamorfismo de contato e está comumente associada ao quartzito. Por fim, a andaluzita depende mais de uma união dos fatores temperatura e pressão até um determinado limite. Assim como a cianita, a andaluzita se faz presente em xistos, sendo muitas vezes o principal mineral dos mesmos. As relações de pressão e temperatura estão representadas no gráfico a seguir.
Gráfico das relações T e P dos minerais de Al
Curiosidade: A cianita é um mineral que possui uma particularidade em suas propriedades – duas durezas, 5 na direção paralela ao comprimento de seus cristais e 7 na direção perpendicular à mesma.

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Granoblasto de piropo no biotita xisto
Fonte: https://geomuseu.ist.utl.pt/MINGEO%20LEC2006LET/Imagens%20Mineralogia/Silicatos/
Por fim, vêm as granada (cuja fórmula geral é representada por A3B2(SiO4)3, sendo que A pode ser o Ca, Mg, Fe ou Mn e B o Al, Fe, Ti ou Cr) que são subdivididas em 6 espécies (piropo, almandina, espessartita, grossulária, andradita, uvarovita). Seu nome significa grão, em alusão ao seu hábito raramente comprido. Sua gênese se deve à exposição a muita pressão e calor do alumínio, como no metamorfismo regional ou no dinâmico. Comumente presente em xistos, gnaisses, milonitos e migmatitos como porfiroblastos (pois o tamanho de seus cristais costuma se destacar da matriz).

Conclusão

Os eventos geológicos, em sua enorme variedade, proporcionam muitas pistas de seus acontecimentos. A chave do mistério sobre o passado de uma determinada área pode estar em um mineral, evidenciando que o local já teve atividade vulcânica, uma grande bacia sedimentar hoje quase que totalmente erodida, esteve numa zona de cisalhamento de placas ou em contato com o manto superior sem ter sido fundido.

Referências

Manual de Mineralogia - Dana & Hulrbot
Introdução à petrologia metamórfica - Bruce W. D. Yardley

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