Você possivelmente já sabe que a
Terra possui um campo magnético, que funciona como um ímã e
possibilita que as bússolas apontem para o Norte, o qual chamamos de
Norte Magnético. Mas e se
eu te disser que este Norte magnético está sempre em movimento e em
determinados momentos da Terra já esteve onde hoje chamamos de Sul?
E que isso fica registrado em nosso planeta através de rochas? Esse
é o tema do artigo de hoje: paleomagnetismo.
Introdução
Campo
magnético é a concentração de magnetismo em torno de uma carga
magnética. Assim como um
ímã, a Terra possui dois polos (Norte
e Sul), que existem por conta das correntes de convecção muito
rápidas do núcleo externo,
que é composto
por Fe, um ótimo condutor elétrico.
Esses fatores justificam o
fato do manto não ser capaz de gerar o campo magnético, pois o
mesmo possui maior teor silicático e menor velocidade de convecção.
O
estudo paleomagnético evidenciou que o campo sofreu inversões ao
longo da história terrestre. Como tais fatos foram percebidos e
quais áreas da ciência
são interessadas no
assunto?
Representação didática do campo magnético (https://www.todamateria.com.br/campo-magnetico/) |
Com o passar do tempo, os polos
magnéticos da Terra mudam de posição e isso pode ficar registrado
em rochas (nos 3 tipos: sedimentar, ígnea e metamórfica) por conta
da suscetibilidade de metais de se orientar de acordo com a direção
norte-sul, como as agulhas da bússola, enquanto a rocha está sendo
formada.
Sedimentos decantados de acordo com o CM ("A evolução geológica da Terra e a fragilidade da vida") |
-Rochas Sedimentares
No
caso das rochas sedimentares, é possível a “fossilização” da
orientação graças a minerais como magnetita (Fe3O4),
hematita(Fe2O3) e ilmenita (FeTiO3),
como na figura ao lado.
Minerais suscetíveis ao magnetismo em
suspensão são decantados no fundo de bacias sedimentares,
direcionando-se segundo o campo magnético de momento e, após a
litificação, tem-se pequenos grãos orientados, “fósseis” do
posicionamento que o “ímã” da Terra já obteve.
É possível que uma mesma formação
litológica sedimentar apresente vários registros paleomagnéticos
através de sua estratificação.
-Rochas ígneas
Em contrapartida, rochas magmáticas
possuem Fe em fusão, uma vez que o magma composto pelo metal atinge
temperaturas próximas ou até superiores a 1000°C. A partir do
momento que o mesmo se aproxima dos 500°C, os minerais começam a
ser magnetizados, por causa da chegada ao que chamamos de ponto
Curie, temperatura na qual o material ferromagnético ou ímã
perde suas propriedades magnéticas, ou seja, abaixo dele (que será
alcançado com a diminuição da temperatura) ocorre o contrário.
-Rochas Metamórficas
No caso de rochas metamórficas de
temperatura (também chamadas de termometamóficas), a temperatura
precisa se aproximar do ponto Curie para que os minerais possam se
reorientar de acordo com o campo magnético então atual para depois
novamente resfriar e deixar registrado.
Para o que o geocientista deve se atentar
Na
análise da orientação dos minerais nas rochas é importante que
haja um estudo
sobre eventos tectônicos que possam ter mudado a posição da
formação, para que se possa ter maior noção do posicionamento
original da rocha.
Tem
de ser feita também a datação da rocha para que se saiba quando o
planeta assumiu a orientação identificada.
Inversão do campo
Com os estudos do paleomagnetismo
terrestre, chegou-se à estimativa de, no mínimo, 170 inversões no
posicionamento do campo magnético da Terra que
datam desde 200 milhões de anos atrás.
Ainda não se tem certeza do que pode causar essa inversão, mas
testes em laboratório evidenciaram que uma diminuição da
intensidade do campo a precede, algo
que deixaria a Terra desprotegida do chamado “vento solar”
(partículas enviadas pelo sol carregadas de eletromagnetismo), o
que teria consequências significativas em como vivemos e em hábitos
comuns do reino animal, como a migração.
Campo Magnético Terrestre barrando Tempestade Solar. (https://www.galeriadometeorito.com/2016/05/o-campo-magnetico-da-terra-esta-mudando.html) |
Conclusão
O
estudo da variação posicional do campo magnético é muito
importante no
entendimento do
funcionamento da
dinâmica interna da Terra, uma vez que a sismologia não é muito
eficiente na análise do núcleo externo por sua característica
líquida. Além
disso, pode nos auxiliar a prever consequências de mudanças de
orientação e quando as mesmas podem ocorrer. Até mesmo biólogos
podem ter interesse no assunto, uma vez que se acredita que diversos
animais, desde pequenas borboletas a grandes pássaros, migram
seguindo uma “bússola” natural. A
física também é contemplada, já que o magnetismo é uma de suas
áreas.
A
constante mudança de posição do Norte Magnético é também
estudada para projeções anuais registradas em mapas de campo. Por
fim, notam-se
as vastas áreas que envolvem, de alguma forma, o campo magnético da
Terra e suas movimentações, evidenciando
sua importância.
Muito interessante esse tema.
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