As Ilhas Galápagos — Geologia - Sobre Geologia

18/08/2019

As Ilhas Galápagos — Geologia

As Ilhas Galápagos são um arquipélago pertencente ao Equador, há aproximadamente 1.000 km de sua costa, no Oceano Pacífico, de extrema riqueza em fauna e flora. Devido à essa diversidade, foi foco de estudos muito relevantes para a ciência, sendo centro das pesquisas de Charles Darwin, responsável pela teoria de evolução das espécies e seleção natural, há mais de 180 anos. Trata-se de um Parque Nacional e Patrimônio Natural da Humanidade — e, no artigo de hoje, vamos entender melhor sobre sua formação geológica, que levou à tamanha diversidade natural.

Arquipélago Galápagos. Fonte: http://blog.bonitour.com.br/onde-ficam-as-ilhas-galapagos/

O arquipélago de Galápagos é formado por 58 ilhas, sendo somente 4 delas povoadas, e está localizado na placa tectônica de Nazca. Em tempo geológico, podem ser consideradas novas: segundo a NASA, variam de um a quatro milhões de anos de idade. Sua diversidade de espécies é impressionante: de 5 mil diferentes espécies que habitam nas ilhas, 2 mil são consideradas endêmicas. Ou seja, não podem ser encontradas em outros ambientes no planeta Terra. Segundo a Galapagos Conservacy, uma organização dos Estados Unidos focada na conservação da biodiversidade e ecossistemas do arquipélago sul-americano, 80% das aves terrestres, 97% dos répteis e mamíferos terrestres e mais de 30% das plantas são espécies endêmicas.


Aquipélago de Galápagos visto por imagem de satélite. Foto: NASA/Domínio Público.

O resto do mundo ouviu falar das ilhas do pacífico em 1535, com a chegada de descobridores, aparecendo em mapa pela primeira vez em 1569, por Mercator. No entanto, passou a ser parte do Equador em 1832, sob o nome oficial de Arquipélago do Cólon, tendo sido, inclusive, rota de piratas que se aventuravam pelo Pacífico.
No entanto, as ilhas receberam um foco especial em 1835, quando o cientista Charles Darwin,
Tartaruga Gigante de Galápagos, que deram nome
ao arquipélago. Foto: Galapagos Conservacy/Gerry S. Krauss
visitando quatro das cinquenta e oito ilhas, usou as coletas e informações de plantas e animais para, anos depois, desenvolver sua teoria da evolução, de grande importância para a biologia. Com os ambientes isolados das ilhas, era possível observar como o processo de seleção natural resultava em espécies iguais, com pequenas diferenças que os tornavam propícios a sobrevivência onde viviam, ao longo do tempo.
As ilhas foram consideradas um Parque Nacional em julho de 1959, comemorando 100 anos de publicação do livro de Darwin, A Origem das Espécies, considerando o alto valor ecológico do arquipélago equatoriano. Assim, 97% da área das ilhas foi considerado parte do Parque Nacional Galápagos, cobrindo uma área de aproximadamente 7.970 km², além das reservas marinhas.
Em 1979, o arquipélago foi também declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), com a reserva marinha das ilhas sendo somada em 2001. Isso significa que as dinâmicas geológicas, biológicas, ecológicas, e/ou físicas, etc, do lugar, podem ser consideradas de grande importância pra a ciência, estética, e/ou são excepcionais e únicas, devendo ser conservadas.

Geologia

A origem das ilhas é vulcânica, resultante da ação de um hot spot (ponto quente). Como já abordado no nosso artigo anterior sobre hot spots, tratam-se de pontos do manto da Terra nos quais há um contante bombeamento de magma, ascendendo de lugares profundos do planeta em direção à superfície, em jatos estreitos. É a partir dessas plumas magmáticas que se formam ilhas vulcânicas, no caso da crosta acima do ponto ser oceânica, ou atividade vulcânica intracrustal, caso seja uma crosta terrestre — como é o caso do Parque Nacional Yellowstone.
Ao passo que a crosta oceânica se movimenta sobre o ponto quente, como é o caso da Placa de Nazca, sob as Ilhas Galápagos, os jatos de magma vão dando origem a diversas ilhas, próximas umas das outras, sendo possível observar atividade vulcânica nas porções de terra logo acima do hot spot. O magma é expelido sob a água, nas crostas oceânicas, e a lava se espalha pelo fundo do mar, resfriando muito lentamente. Quando o acúmulo é o suficiente para que as rochas resultantes do resfriamento possam emergir, tornam-se ilhas, crescendo com o passar de centenas de anos.

Processo de formação de ilhas vulcânicas por hot spots. Foto: Modificado de © Galapagos Conservation Trust.

O Hot Spot Galápagos é estimado em 150 km de largura, e está localizado mais a oeste do arquipélago. As ilhas estão localizadas mais a norte da Placa de Nazca, que se movimenta aproximadamente 5 cm por ano pro sudeste, formando ilhas vulcânicas ao passo que a placa avança — desse modo, as ilhas mais próximas do hot spot são mais jovens do que as mais distantes. Cada uma das ilhas foi formada por um único vulcão, com exceção da maior, Ilha Isabela, que conta com cinco vulcões diferentes, segundo o Instituto Geofísico da Escola Politécnica Nacional do Equador (IG - EPN).
Vulcão Sierra Negra, Ilha Isabela, e outros vulcões
próximos. Fonte: Instituto Geofísico da Escola
Politécnica Nacional do Equador.
Devido à sua origem vulcânica, nos últimos 200 anos, o arquipélago apresentou mais 50 erupções.
Uma das erupções mais recentes foi na Ilha Isabela, no ano de 2018, acompanhada de atividade sísmica, do vulcão Sierra Negra. Trata-se de um vulcão em formato de escudo, com uma altitude de 1.124 m, e o derrame de lava se dirigiu à noroeste da caldeira, segundo a direção do Parque Nacional.
Seu formato tem associação com a própria composição do magma: sendo um afluente de magma em crosta oceânica, a tendência é que apresente uma composição basáltica, com proporção menor de sílica (SiO) e, por consequência, menos viscoso. Segundo o Dicionário Geológico do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), trata-se de um "vulcão caracterizado pela efusão de material magmático basáltico muito fluido que origina uma estrutura de derrames de lava partir da cratera em cone amplo com baixos ângulos topográficos (2° a 8°)." (Winge, M.). Segundo o Instituto Geofísico da Escola Politécnica Nacional do Equador, o vulcão possui uma caldeira de aproximadamente 7 x 10,5 km, sendo a maior do arquipélago e uma das maiores do mundo.

Vulcão Sierra Negra, na Ilha Isabela, entrou em erupção em 2018. Foto: Galapagos Park.

Além da erupção mais recente, a ilha experienciou outra atividade vulcânica significativa, em 2015, com o vulcão Wolf, na extremidade oposta à do Sierra Negra. Segundo a NASA, trata-se do vulcão mais alto do arquipélago, elevado a 1710 m acima do nível do mar, que não entrava em erupção há 33 anos. Cinzas e gases foram atirados 15 km de altura, e o magma rico em enxofre fluiu pelas laterais do cone, para leste e nordeste, até alcançar o oceano. De acordo com relatório do IG - EPN, a emissão de dióxido de enxofre foi de, em média, 40.600 toneladas por dia, de 25 de maio a 2 de junho de 2015. A caldeira do vulcão Wolf, apesar de não tão ampla quanto à do Sierra Negra, possui 7 km de largura, e seu cone tem aproximadamente 700m de profundidade. 

Estimativa do afluente de lava na erupção do vulcão Wolf, em 2015. Base em imagens do Google Earth. Fonte: IG - EPN.

Conclusão

O Arquipélago de Galápagos foi descrito como um do lugares mais únicos, cientificamente importantes e biologicamente impressionantes do mundo (UNESCO, 2001). Suas riquezas naturais, por diversos anos, se mostraram de grande importância não só para a ciência, mas inclusive o lazer, cultura, preservação ambiental e sustentabilidade. Através da preservação e estudo de áreas como essa, pudemos avançar em pesquisas de todos os tipos, catalogar e proteger espécies endêmicas, entender melhor processos de formação de ilhas e vulcões, entre todos os outros aspectos que fizeram de Galápagos um Patrimônio Natural da Humanidade.


Referências

https://www.usgs.gov/media/videos/image-week-galapagos-islands
https://www.galapagos.org/about_galapagos/about-galapagos/history/geologic-history/
https://www.galapagos.org/about_us/about-us/mission-history/
https://www.galapagos.org/about_galapagos/about-galapagos/biodiversity/
https://www1.folha.uol.com.br/turismo/2018/12/galapagos-e-laboratorio-vivo-a-ser-descoberto-na-terra-e-no-mar.shtml
http://www.galapagos.gob.ec/en/national-park/
http://www.discoveringgalapagos.org.uk/discover/geographical-processes/location-formation/hot-spots-volcanoes/
http://sigep.cprm.gov.br/glossario/verbete/vulcao_escudo.htm
https://volcano.si.edu/volcano.cfm?vn=353050
https://www.nasa.gov/image-feature/eruption-of-wolf-volcano-galapagos-islands
https://volcano.si.edu/volcano.cfm?vn=353020


Artigo escrito por Isabela Rosario

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