Marte: As formações mais antigas - Sobre Geologia

27/10/2019

Marte: As formações mais antigas

Lunae Planum a norte dos Valles Marineris (fonte: Viking Orbiter 1's 663o revolução ao redor de Marte)























Em geologia planetária, a cada passo que damos em direção ao espaço profundo, um nome nos surpreende, o de hoje é Areologia. A areologia - de nome dado em homenagem ao deus Áries, o equivalente a Marte na mitologia grega - é o estudo da geologia marciana. Como a geologia planetária é recente, suas subdivisões são tanto ou mais recentes do que ela, no entanto, essa área de estudo é uma das de mais intensa pesquisa,  já que há claros planos de estatais e empresas privadas de colonização e terraformação do planeta num futuro próximo. Para além das condições atmosféricas meteorológicas superficiais, o estudo da composição da crosta, dinâmica superficial, interna e história geológica do planeta são essenciais. Neste artigo, vamos abordar a história geológica marciana e algumas de suas principais formações de relevo.
A composição de Marte é, em geral, básica, rica em silício e óxidos de ferro hidratado. Os ferrossilicatos são os minerais mais abundantes e componentes quase exclusivos do solo marciano.
A história geológica de Marte
Marte e Terra começam sua história de maneira similar. O período conhecido como Pré-noachiano (4,5-4,1 g.a) é dominado por processos semelhantes - diferenciação da crosta, solidificação da superfície - ao arqueano terrestre, deixando poucos registros. O período Noachiano (4,1-3,5 g.a) lhe sucede e é marcado pela presença de oceanos primitivos de água e impactos frequentes de corpos estranhos.
O período seguinte é o hesperiano, marcado por grandes erupções básicas que formaram extensas planícies basálticas. O último período, que se estende de cerca de 3 G.a atrás ao presente, se chama amazônico. Nesse período, aparecem os maiores vulcões, o solo e as dunas marcianas. É nele que se completa a recobertura quase completa do hemisfério norte pelas planícies basálticas. 
No hemisfério sul do planeta, as formações do período noachiano são predominantes. São em geral planaltos, marcados por enormes crateras de até 300 km. 
Por razões ainda não muito conhecidas, o planeta de condições geológicas similares, inicialmente, teve um destino bem diferente do da Terra. Marte, hoje, tem características muito hostis as formas de vida terrestres, apresenta uma atmosfera muito pouco espessa e não há água em forma líquida na superfície.
A atividade tectônica é, sem dúvida, o maior modelador de relevo por lá. Se sua atividade hoje é baixa, até cerca de 1,5 G.a, era altíssima. Foi até esse período em que foram formadas a maior parte das estruturas, entre elas os numerosos vulcões.
Os vulcões
Para entender os vulcões marcianos e suas nomenclaturas é preciso entender que
a classificação geomorfológica marciana segue as diretrizes de classificação de vulcões para todos os corpos exógenos, por isso, nomes como mares e terrae, citados na geologia lunar serão novamente utilizados.
Os vulcões são morfologicamente classificados sob três formas:
Tholus (no plural é “tholi”): são nomes dados a montes de menor diâmetro, os marcianos são vulcânicos e semelhantes aos domos terrestres, têm, por isso, menor diâmetro e altura se comparados aos montes.
O Hecates Tholus teve uma grande erupção a 350 milhões de anos, a zona de depressão em redor do vulcão é preenchida por gelo e detritos.
Hecates Tholus no quadrângulo de Cebrenia, uma disião de acordo com a projeção de Lambert (fonte: Wikimedia)

Patera (no plural é “paterae”): são vulcões com depressões no topo, apesar de se conseguir distinguir uma caldeira central, dos flancos saem canais; isso impede o acúmulo de material convencional, gerando vulcões de menor elevação. A Alba Patera tem 3 km de altura e está numa região de falhas a norte de Tharsis e possui canais de mais de 100 km, chegando na base a ter 1600 km de diâmetro. 
Alba Patera é um vulcão sem depósito de cinzas e situado em área de planície. (fonte: NASA)
Mons (no plural é “montes”): designa montanhas extraterrestres em geral, no caso de Marte, designa os grandes vulcões-escudos que, semelhantemente aos terrestres têm grandes diâmetros, devido à fluidez do magma que os forma. E é o Olympus Mons o maior vulcão conhecido do sistema solar. Ele é amazoniano, extinto a cerca de 1 milhão de anos, tem 27 km de altitude e 600 km de diâmetro na base.  
Olympus Mons, a mesma pluma gera derramamentos sucessivos no mesmo lugar, em virtude da baixa movimentação das placas tectônicas. (fonte: space.com)
A sudeste do Olympus Mons, está a região de Tharsis e as Elysium Planitia, onde se encontram diversos outros montes, todos formado a partir de derrames sucessivos. Os montes Arsis , Pavonis e Ascraeus são os mais representativos. Foram vistas, ainda, pequenas elevações no pólo norte, variando entre 300 a 600 m de altura, provavelmente resultado de novas atividades tectônicas. 
A humanidade entende cada vez mais sobre Marte. a cada dia, artigos e estudos são publicados em diversas áreas de conhecimento. Por isso, não seria possível reunir todos os temas concernentes à areologia em um só artigo. Nossa próxima parada marciana está nos Valles
A região amazoniana de Tharsis e seus vulcões (fonte: NASA)
Referências
https://www.nationalgeographic.com/news/2010/12/101203-science-space-biggest-volcano-solar-system-mars/
https://mars.nasa.gov
BANERDT W.B.; GOLOMBEK, M.P. TECTONICS OF THE THARSIS REGION OF MARS: INSIGHTS FROM MGS TOPOGRAPHY AND GRAVITY. 2000.

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