#Estrutura da Terra: A Teoria da Deriva Continental - Sobre Geologia

25/02/2017

#Estrutura da Terra: A Teoria da Deriva Continental

Introdução


No Blog Sobre Geologia, iremos abordar a Teoria da Deriva Continental, fundamental para o nosso entendimento da dinâmica terrestre.

Projeção da Terra atualmente, depois de longos períodos de deriva continental
e transformações geológicas. Fonte: https://www.flickr.com/photos/hangglide/


História


A ideia de Deriva Continental surgiu com os primeiros mapas do atlântico sul, no qual exibiam o 'encaixe' formado pelos contornos da América do Sul e a África.
A primeira hipótese da possível união formada pelos dois continentes surgiu no século XVI - XVII quando o filósofo inglês, Francis Bacon, apontou que tanto os litorais do continente africano quanto do sul-americano se encaixavam perfeitamente. Desde então, essa discussão tem ultrapassados séculos mas, raramente apoiada em argumentos científicos.

Somente no século XX que foi estabelecida uma teoria com embasamento científico que explicasse a origem da disposição dos continentes. A "Deriva Continental", como foi chamada, foi formulada a partir das ideias visionárias e pouco convencionais do alemão Alfred Wegener(1880 - 1930), um acadêmico e explorador que se dedicava aos estudos meteorológicos, astronômicos, geofísicos e paleontológicos, dentre outros.

Fotografia do Cientista Alfred Wegener.
Bildarchiv Foto Marburg Aufnahme-Nr. 426.293,
Domínio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=18166817

A Teoria


Além de observar o encaixe dos continentes, Wegener fez diversas expedições com o intuito de encontrar coincidências geológicas, e como um quebra-cabeça ele foi remontando um só continente, chamado por ele de Pangeia (pan do latim = todo, inteiro; gea = Terra). A teoria argumentava que após a formação do supercontinente Pangeia, o mesmo teria se fragmentado, dando origem aos continentes e oceanos que conhecemos atualmente.

Abaixo, uma animação ilustrando a ideia proposta por Alfred, o afastamento relativo dos continentes.

Por Original upload by en:User:Tbower - USGS animation A08,
Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=583951


O termo "Deriva", sugere uma ideia de afastamento, como que os continentes fossem realmente se afastando um do outro, por meio de forças atuantes no interior da Terra, e esse processo ocorre até os dias de hoje!

Ilustração do supercontinente Pangeia.
CC BY-SA 3.0,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=48962

Atualmente sabe-se que esse processo iniciou-se há cerca de 230 milhões de anos, durante a era Paleozoica, quando os dinossauros começaram o seu "reinado".

A teoria da Deriva Continental revolucionou o nosso entendimento sobre o funcionamento do planeta e sua história, assim como a seleção natural de Charles Darwin o fez com as ciências Biológicas.

Argumentos


A Teoria baseia-se em quatro tipos principais de argumentos. São eles:
Ilustração da distribuição dos sedimentos glaciais
encontrados nos continentes atuais.
http://geologia12.blogs.sapo.pt/2010/11/?page=5.
  • Morfológicos: a forma dos litorais africano e sul-americano;
  • Paleontológicos: fosseis semelhantes encontrados nas extremidades encaixantes da África e América do Sul;
  • Paleoclimáticos(paleo = antigo): sedimentos de ambiente glaciais encontrados na África e Índia, indicando que os mesmos em algum momento já estiveram em regiões com estas condições climáticas deste tipo(polos);
  • Litológicos: rochas de mesma composição mineralógica, idade de formação e outras características semelhantes que foram encontradas nas bordas destes continentes, e para que isso ocorra, é necessário condições geológicas muito parecidas, reforçando ainda mais a teoria.
Ilustração da distribuição geográfica dos fósseis
encontrados nos continentes atuais.
 Por jmwatsonusgs.gov - United States Geological Survey (USGS) - http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/continents.htmlen:Image:Snider-Pellegrini_Wegener_fossil_map.gif - Original upload 19:49, 13 April 2005 by en:User:SEWilco, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1075951

Alexander Du Toit(1878 - 1948), professor de geologia na Universidade de Joanesburgo na África do Sul, refinou a hipótese de Wegener, propondo que a Pangea tenha se fragmentado em dois grandes continentes, um no hemisfério norte, nomeado de Laurásia(atualmente Europa, América do Norte e Ásia do norte), e outro no hemisfério sul, Gondwana, que concebia os atuais continentes sul-americano, africano, australiano, antártico, além da Nova Zelândia, Madagascar e Índia. Durante essa fragmentação, houve a formação do Oceano de Tétis.
Os dois grandes continentes formados pela fragmentação da Pangeia.
By Benoit Rochon - Image:Laurasia-Gondwana.png, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3176140
Toit usou como base várias evidências e semelhanças, como a idade dos extensos depósitos de carvão no Laurásia, e das rochas sedimentares de ambientes glaciais Gondwana, por exemplo.

O Esquecimento da teoria no meio cientifico


Apesar de todas as evidências que Wegener reuniu para justificar a teoria da Deriva Continental, ele não conseguiu responder questões fundamentais, como por exemplo: Que forças seriam capazes de mover imensos blocos continentais?

Naquela época não existiam estudos sobre a astenosfera e suas propriedades plásticas, o que impediu assim Wegener de explicar sua teoria.

Com sua morte em 1930, a teoria ficou esquecida, apesar de alguns cientistas ainda buscarem provas concretas mas sem sucesso.

O ressurgimento da teoria


Na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, devido às necessidades militares de localização de submarinos nos fundos dos mares, foram desenvolvidos equipamentos, como os sonares, que permitiram traçar mapas detalhados do relevo do fundo do mar, e a partir disso foi descoberto que na verdade o segredo para explicar a dinâmica da Terra, ao contrário do que os cientistas pensavam, não estavam nas rochas continentais e sim no fundo dos oceanos.

Pesquisadores de Columbia e Princeton (EUA), no final dos anos 40, mapearam o fundo do Oceano Atlântico utilizando novos equipamentos e coletando amostras de rochas. Estes trabalhos permitiram cartografar uma enorme cadeia de montanhas submarinas, denominadas de Dorsal ou Cadeia Meso-Oceânica, que constitui a divisão da crosta marinha em duas partes, logo então, a ruptura produzida durante a separação dos continentes, ou seja, isso prova que os continentes estavam(e estão) se afastando. Isso foi comprovado a partir da datação(idade) das diferentes camadas ao longo da crosta oceânica e continental, e foi a partir daí que a teoria da Deriva Continental pode ser aceita, aproximadamente 20 anos após a morte de Wegener.

A figura abaixo ilustra essa diferença entre as idades das rochas que constituem as porções da crosta.

Ilustração da globo, com a dorsal meso-oceânica entre a África e a América, em vermelho.
Legenda: partes cinzas(mais velhas), partes vermelhas(mais novas).
By Earth_seafloor_crust_age_poster.gif: National Oceanic and Atmospheric Administrationderivative work: Rapture2018 - Earth_seafloor_crust_age_poster.gif, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=11051352

Então, a resposta para essa pergunta fundamental foi dada em uma outra teoria, da Tectônica Global, que basicamente constitui uma série de placas que "flutuam" sobre o interior da Terra, executando movimentos convergentes(zonas de subducção) e divergentes(dorsal meso-oceânica).

Por ser um pouco extensa, essa teoria(e os movimentos acima citados) será explicada em um artigo futuro, com maior detalhamento e conteúdos ilustrativos, assim como a sua relação com a dorsal meso-oceânica e a teoria da deriva continental.

Abaixo, um vídeo resumindo o conteúdo acima dito, do canal Lisboa Miranda.


Fontes:

  • http://brasilescola.uol.com.br/geografia/pangeia.htm
  • TEIXEIRA, WILSON; TAIOLI, FÁBIO; Decifrando a Terra - 2ª Ed.
Autor: Mauricio Almeida
Editor: Rafael Ladeia

2 comentários:

  1. Adorei!!!! Continuem alimentando este blog e nossas almas com muita Geologia!!!!!

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    1. Nós agradecemos professora! E continuaremos, com certeza!

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