Ao introduzir dinâmica interna terrestre, é importante falar do Ciclo de Wilson e a Teoria da Deriva Continental, a fim de entender que o nosso planeta é vivo, e que as denominadas placas tectônicas estão em movimento, completando as fases do Ciclo e expressando sua constante renovação. O planeta terra é diferenciado e contém uma estrutura dita em “camadas”, a qual temos núcleo (interno e externo) — endosfera — ; manto inferior — mesosfera — ; manto superior — astenosfera — ; e a litosfera, sendo esta é a base do nosso conhecimento em estrutura terrestre. Mas será só isso? Como geocientistas, entender o planeta como ele é, como ele funciona e como nasceu, são questões que se tornam extremamente importantes para todo o nosso trabalho, pois a Terra é nosso objeto de estudo.
As Teorias-base para o entendimento da Dinâmica Interna Terrestre
A denominada Teoria da Deriva Continental foi formulada em 1913 pelo geólogo alemão Alfred Wegener, e seu postulado parte exatamente do ponto já mencionado anteriormente: os continentes têm formatos que nos possibilitam visualizar um encaixe prévio. Assim, foi o primeiro a citar o "primeiro" e mais conhecido supercontinente: Pangéia. Segundo Wegener, o Pangeia teria se rompido em dois grandes blocos continentais: Laurásia ao norte, e Gondwana ao sul. Para defender sua teoria, Wegener buscou comprovar que as rochas presentes nas bordas dos continentes eram compatíveis em idades e composição. Com isso, foi realizado o estudo de fósseis das áreas e a análise das formações rochosas.
Nesta década, estudos geofísicos são realizados de modo em que são descobertas evidências magnéticas e a topografia submarina da área, despertando o interesse sobre as forças geradas pelas correntes de convecção do manto, responsável por movimentar a litosfera.
A partir do compilado de conhecimento prévio, a teoria da Tectônica de Placas diz que a crosta é constituída de placas que flutuam sobre o manto, esta abrange o entendimento sobre as falhas, as junções entre as placas, as dorsais meso oceânicas, assim como sobre os tremores de terra e abalos sísmicos que se relacionam como movimentação e atrito entre placas. Os continentes se encontram sob essas placas que flutuam e derivam o processo, por isso a expressão “ Deriva Continental”, para mais informações, leia nosso artigo: Deriva Continental.

Já temos um artigo sobre o Ciclo de Wilson (Ciclo de Wilson), mas para entender rapidamente o processo, podemos resumir que o ciclo se trata de um processo constante de abertura (formação), desenvolvimento e fechamento de Oceanos, é uma teoria que surge em 1960 e leva o nome do cientista que a formulou. Esta se relaciona diretamente com as teorias que a precede, as Teorias da Deriva continental e Tectônica de Placas, respectivamente.
O Gondwana
Nesta dança constante dos continentes, atualmente entendemos o que o planeta já passou por fases em que se formaram supercontinentes. Cientistas denominaram Gondwana o supercontinente que continha a América do Sul, África, Austrália, Índia, península Arábica e Antártida, há cerca de meio bilhão de anos atrás. A investigação se deu com um grupo de investigadores que trabalharam numa intensa busca para encontrar em ambos os continentes o que seriam as peças que seriam os encaixes desse grande quebra-cabeças, principalmente de cunho geológico. Essas “peças” incluem análises das porções rochosas, análises dos campos magnéticos e gravitacionais das áreas, pois cada região do planeta possui sua própria “assinatura”. Como a massa terrestre não está igualmente distribuída pelo planeta, determinadas rochas refletem tal característica devido à sua composição, e esta é usada para calcular o campo gravitacional terrestre. Com estudos geofísicos da área, cientistas puderam analisar através de cálculos o que havia em subsolo, possibilitando assim uma comparação entre as rochas existentes nos locais de estudos.
A formação do Gondwana teria se iniciado no período final do Neoproterozoico, quando este agregou massa e blocos provenientes da fragmentação do supercontinente que o antecedeu: Rodínia. Sua formação está inclusa no último estágio de colagens continentais denominado Evento Brasiliano/ Pan-Africano (600 Ma), evento que gerou a abertura do Oceano Atlântico Sul.
O Gondwana teria permanecido em quietude tectônica até o Neojurássico, quando surgem os primeiros esforços trativos até seu rifteamento no Juro-Cretáceo. A denominada fragmentação do Gondwana Ocidental (América do Sul e África) se inicia no Neotriássico, por meio de uma reativação predominantemente distensiva, a qual se torna o pontapé inicial para os sistemas de riftes, que bordejam tanto a margem do Atlântico Sul, como continente adentro. O rifteamento deixa "cicatrizes" na crosta terrestre, e estas podem ser falhas, fraturas e a abertura de bacias, incluindo as principais Bacias Sedimentares Brasileiras, as Bacias Sedimentares Cretáceas. O período de separação Brasil-África, além das já citadas estruturas, deixou como o maior registro desse evento uma série de derrames vulcânicos paleocênicos/eocênicos, como basaltos toleíticos que acabaram por formar o Banco de Abrolhos e o Derrame Basáltico da Bacia do Paraná (um dos maiores do mundo).
Conclusão:
A separação do Brasil e da África se resume em um processo longo, que se divide em diversas fases, e os registros deixados ao longo do processo são encontrados e interpretados com o fim de gerar um entendimento geral sobre a temática. Com isso, são exigidos conhecimentos acerca da dinâmica interna terrestre e suas teorias-base. O Gondwana foi o supercontinente que agregou diversos países, ou continentes que conhecemos hoje com blocos individualizados, e o evento que o desagregou e sua natureza, são de extrema importância para o entendimento do processo como um todo.
Referências:
http://sigep.cprm.gov.br/glossario/verbete/gondwana.htm
FREITAS, Anderson Ferreira Damasceno de.et al, BACIA DE SANTOS:
Estado da arte. 2006. 114f. Tese – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
CRUZ, Liliane Rabello, et al, Regime distensional: Evolução tectônica e estruturas
associadas nas bacias de Pelotas, Santos, Campos e
Espírito. 2007. 112f. Monografia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2007.
FREITAS, Anderson Ferreira Damasceno de.et al, BACIA DE SANTOS:
Estado da arte. 2006. 114f. Tese – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
CRUZ, Liliane Rabello, et al, Regime distensional: Evolução tectônica e estruturas
associadas nas bacias de Pelotas, Santos, Campos e
Espírito. 2007. 112f. Monografia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2007.
Prezados, por favor, alguma referência da suposta paleohidrografia por imagens de satélite l.i.d.a.r.? Obrigada.
ResponderExcluirEstive no cabo de Sto Agostinho (PE), onde se atribui algum testemunho rochoso idêntico ao da Nigéria. Minha dúvida: há encartes dizendo que a separação dos continentes foi na época dos dinossauros. Procede?
ResponderExcluir