Ciências do solo e suas especificidades - Sobre Geologia

20/11/2019

Ciências do solo e suas especificidades

O solo é conhecido por recobrir a superfície terrestre e ser o condicionante principal para o desenvolvimento de plantas e vegetais, representa importância para os homens desde a antiguidade por propiciar atividades como o fornecimento de pigmentos para pinturas rupestres e o barro para a confecção de objetos em cerâmica. 
A agricultura exerce um importante papel na história humana e na história das civilizações como um todo, quando o homem cria as primeiras civilizações agrícolas passa a entender que alguns solos são mais produtivos que outros, o que o leva numa jornada em busca de solos férteis para o estabelecimento de civilizações e, consequentemente o crescimento populacional. 
Atualmente são conhecidas as insubstituíveis propriedades do solo enquanto recurso natural, entre elas estão o suporte bioenergético e de biomassa para para humanos, animais e plantas, sua importância se expressa também como fonte fornecedora de material para a construção civil. Com o passar do tempo diversos conceitos e funcionalidades vêm sendo atribuídas ao solo, outros campos têm sido integrados ao estudo solo como a biologia, a química e a física. 


Figura 1- Corte de estrada expõe o solo e seus horizontes.
Fonte: autoria própria

Ciências do solo

No estudo das ciências da Natureza há diversas especialidades e subdivisões, é o caso das ciências do solo, campo de estudo que visa avaliar, classificar e entender o processo de formação do solo tal como suas propriedades físicas e químicas. Intensamente incentivada devido ao cultivo de plantas, a edafologia (termo empregado como sinônimo das ciências do solo), acaba comumente ligada à agronomia. 
O solo é essencial para o desenvolvimento do meio biótico e abiótico, cabe salientar a necessidade de preservação que surgiu junto aos estudo acerca do solo, práticas que visam o desenvolvimento sustentável das civilizações requisitam cada vez mais estratégia de uso e ocupação do solo, a degradação do solo por práticas inadequadas gera uma série de problemas como perda de biodiversidade, desertificação, perda de qualidade ou perda total de alimentos, etc.
Conhecida também como pedologia (segmento que estuda o solo em sua essência e totalidade), as ciências do solo são amplamente subdivididas em áreas de conhecimento específicas, entre elas “Química e mineralogia do solo”, “Física do solo”, “Mecânica dos solos” no caso da Engenharia civil, “Biologia do solo”, são exemplos de subáreas do conhecimento sobre o solo. O pedólogo considera o solo um corpo natural, busca entendê-lo em todas as suas camadas, assim como também a pedogênese (ou processo de formação do solo) e seus horizontes, sua composição e origem, seus fatores de formação, isso tudo sem dar o enfoque em suas aplicações práticas.


Figura 2 - Amostra de solo recolhida em campo
Fonte: autoria própria


Solos: o que são e como se formam?

O conceito de solo varia muito com a visão de quem o observa, tal como a sua área de atuação e o conhecimento previamente adquirido pelo observador inerente ao fim que se busca aplicar o recurso. Em determinados trabalhos o solo pode ser considerado um corpo complexo, dinâmico e naturalmente organizado, estudado como unidade e produto resultante de processos intempéricos condicionado por aspectos fisiográficos da região, principalmente a combinação da ação do clima e organismos na interação com o meio físico: as rochas e os sedimentos. Como o conceito de solo ainda é amplamente discutido, autores propõem que este é essencialmente constituído como uma camada de material inconsolidado composta por minerais refinados e/ou matéria orgânica encontrada na superfície do planeta. 

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Figura 3- Horizontes do solo
Fonte: central florestal

Quanto sua posição, pode-se dizer que é limitado em sua porção superior pela biosfera e a atmosfera, no caso da parte inferior é mais complexo de definir o seu contato com a rocha alterada ou até mesmo a rocha sã, assim como o material sedimentar. Pedosfera é o nome dado ao conjunto de solos da Terra quando se encontra em contato com a litosfera, biosfera, atmosfera,e a hidrosfera. Esta constitui-se como um importante pilar de sustentação para as vidas do ecossistemas terrestres. 

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Figura 4 - Pedosfera em interação com os demais meios.
Fonte: google imagens

As rochas da litosfera expostas à atmosfera e à ação das chuvas, ação de organismos e calor do sol demarcam o início do intemperismo, o processo de modificação da estrutura química e física da rocha. Os processos que atuam sobre a estrutura, como a fragmentação ou desintegração da rocha, constituem o denominado intemperismo físico. No caso dos processos que decompõem  rocha e alteram sua composição química, são estes constituintes do intemperismo químico. Depois de alterada, a rocha recebe o nome de regolito, manto de intemperização, ou saprólito, variando de acordo com o grau de alteração.

Os fatores de formação do solo

Estudos já comprovaram que a existência de diferentes tipos de solos é controlada pelos cinco fatores principais: (i) Clima; (ii) Organismos; (iii) Material de origem; (iv) Relevo; (v) Idade da superfície do terreno, sendo o tempo o fator representante.
A equação-modelo para a formação de determinado solo é representada da seguinte forma:

Solo = f (clima, organismos, material de origem, relevo e tempo).



Figura 5- Esquema representa os fatores atuantes na pedogênese.
Fonte: google imagens
Os cinco fatores de formação agem como variáveis, e são úteis para a compreensão das variações e especificidade dos solos de cada local, a exemplo de cor, espessura, textura, disponibilidade em nutrientes para vegetais, etc.
São considerados “fatores ativos” o clima e os organismos, estes agem diretamente sobre o material de origem, e a resistência da rocha é um "passivo". Uma mesma rocha matriz pode formar solos completamente diferentes quando submetidos à condições de clima similares, e rochas diferentes podem produzir solos semelhantes quando expostos à um mesmo ambiente climático por um longo período, o tempo o qual uma rocha é exposta pode influenciar na espessura, adição de húmus, remoção de sais, etc . 
Os organismos que agem sobre o solo são classificados (a) microrganismos; (b) vegetais; (c) animais; (d) homem. Agindo na decomposição restos orgânicos, possibilitando assim o acúmulo de húmus nas camadas mais superficiais do solo compondo assim os agregados sólidos essenciais para o desenvolvimento de plantas e vegetais. As plantas atuam direta e indiretamente na pedogênese, a ação direta consiste na fragmentação das rochas ocasionadas pelo crescimento das raízes dentre as fendas das rochas, assim como pela excreção de ácidos orgânicos que agem como catalisador sob o processo de intemperismo.
O relevo age na distribuição de água, incidência de luz e calor sob o terreno, é importante avaliar elementos como declividade, altitude e e morfologia do terreno. A saturação em água acelera os processos de intemperismo químico.

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

Segundo a Embrapa o SiBCS é um sistema taxonômico de solos, hierárquico, multicategórico e aberto, com a finalidade de classificar todos os solos existentes no Brasil. Sua chave é composta por 6 níveis categóricos de classificação: Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série.
Este surge como uma tentativa de organizar e incluir classes de solos existentes no território nacional. Desde a década de 70 a Embrapa desenvolve o SiBCS com base em dados extraídos por meio de
levantamentos em todos os Estados brasileiros. O sistema é hierárquico e categorizado, as classes de solo seguem a mais alta hierarquia: Ordem, estes se dividem em Subordem, Grande Grupo, Família e Série, sucessivamente. As classes de solos são distinguida pelos seus horizontes e demais propriedades como cor, saturação por bases, atividade das argilas, plasticidade, etc. Atualmente 13 classes de solo são reconhecidos no mais alto nível hierárquico já citado, as Ordens.

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Figura 6 -  As 13 classes e seus elementos formativos.
Fonte: Embrapa

Conclusão:

Cada vez mais os estudos no campo das Ciências do solo têm avançado junto ao interesse em recuperar, conservar e desenvolver nova práticas de manejo, uso e ocupação do solo. 
Os diversos segmentos em que a área se divide demonstra o enorme potencial interdisciplinar das ciências do solo, o que representa a riqueza e a complexidade que o estudo do solo fornece, e isso vai além de seu uso quanto recurso natural aplicado em diversas áreas, como Pedosfera por exemplo, o solo demonstra sua importância como meio essencial para o equilíbrio e a vida.
Muitos agentes são responsáveis pelo resultado final em que o solo será obtido como produto final, a rocha matriz, o tempo, relevo, clima e os organismos se mostram elementos importantes para a pedogênese. O desenvolvimento da Ciência dos solos n Brasil demonstra como um ciência recente têm sido cada vez mais reconhecida e atual, despertando o interesse de estudiosos para mapear, analisar e catalogar a riqueza e a diversidade dos solos brasileiros.

Artigo escrito por Letícia Brito

Referências:

LEPSCH, Igo F. Formação e conservação dos solos- 2.ed - São Paulo: Oficina de textos, 2010.

BARRETO, Newcélia et. al. IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA DO SOLO: HISTÓRICO, CONCEITOS E DEFINIÇÕES. Instituto Educacional Tecnológico e Profissionalizante – Instituto Belchior, Centro de Saúde e Tecnologia Rural – CSTR da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, 2016.

IBGE. Manual Técnico de Pedologia- 2.ed - Rio de Janeiro, 2007.

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos- 2.ed. Brasília-DF, 2006.

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