#Climas: Introdução à Climatologia - Sobre Geologia

08/07/2018

#Climas: Introdução à Climatologia


A diversas paisagens que são observadas mundo afora são produtos das interações entre o sistema de tectônica de placas – que atua na construção do relevo – e do sistema de climas, que contribuem para o seu desgaste. No post de hoje, conheceremos mais sobre a Climatologia, fatores e elementos do clima e a importância de sua compreensão! 

Domínio de mares de morros, que abrange Ouro Preto e outros munícipios de Minas Gerais. Esse domínio é característico de áreas de climas quentes e úmidos. Fonte: http://www.amda.org.br/?string=interna-projetos&cod=13

Introdução

A climatologia é o estudo científico dos climas, que abrangem grandes extensões, por um longo período de tempo. Apesar de geralmente os conceitos de tempo e clima serem abordados como análogos, existe um fator que os distingue: a escala de tempo cronológico. Enquanto o tempo meteorológico se refere às condições atmosféricas em um dado instante e local, entende-se por clima como uma média das variações do tempo meteorológico por um período de 30-35 anos. 
Na Climatologia, frequentemente são usados elementos e fatores do clima para descrever o ambiente atmosférico. Os principais elementos que constituem os fatores climáticos são: temperatura, umidade, pressão atmosférica e radiação solar.
A temperatura é a intensidade do calor atmosférico em um determinado lugar, que pode ser mensurado através das escalas Fahrenheit (°F) ou Celsius (°C).
A umidade – geralmente expressa em porcentagem – é quantidade de vapor d’água existente na atmosfera e é proveniente dos processos de evapotranspiração das plantas (transferência de vapor d’água das plantas e do solo para a atmosfera).  
Já a força exercida pelo ar sobre uma superfície, definida como pressão atmosférica é expressa, geralmente, em milibares (mb). A pressão varia de acordo com a altitude, a temperatura e a latitude. Em locais mais altos, a pressão atmosférica é menor, pois quanto mais distante do centro da Terra (influência maior da força da gravidade) um ponto é, menor será a força exercida e, consequentemente, menor será a pressão que a atmosfera exercerá sobre ele.  

Monte Everest, situado na fronteira Nepal-Tibete. A pressão atmosférica na altitude de 8,85km corresponde a 250mmHg, enquanto ao nível do mar, a pressão atmosférica é de 760mmHg. Informações: Blamb / Shutterstock

A temperatura e a latitude também interferem na pressão atmosférica: quanto maior a temperatura, menor é a densidade do ar e, portanto, menor será a pressão. Em contrapartida, quanto menor for a temperatura, mais unidas estarão as partículas, aumentando sua densidade e, assim, a pressão aumentará. Em relação à latitude, a pressão atmosférica se comporta de maneira diretamente proporcional: locais de alta latitude apresentarão uma maior pressão atmosférica e locais de menor latitude, menor pressão atmosférica.  
Radiação solar é a forma pela qual a energia solar chega até a superfície terrestre. Nesse processo, cerca de 70% da energia solar é absorvida e 30% escapa no espaço exterior. A radiação infravermelha que chega à Terra é de suma importância pois é ela que irá gerar a elevação das temperaturas.
Os fatores climáticos são latitude, altitude, vegetação, maritimidade e continentalidade, correntes marítimas, correntes de ar e relevo. Estes, interferem nos elementos climáticos e nos climas.


Dinâmica das massas de ar atuantes na América do Sul durante o inverno. Fonte: marcosbau.com.br/geobrasil-2/climas-do-brasil/

Climatologia Brasileira 
A maior parte do território brasileiro (cerca de 90%) está localizado entre os trópicos de Câncer e Capricórnio e, por isso, ele é considerado um país tropical. A grande extensão territorial do país contribui para uma multiplicidade de tipos climáticos e, por sua vez, de paisagens naturais. 
Diversidade de climas no Brasil. Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1257
Os estudos acerca da climatologia tropical eram baseados nas perspectivas do conhecimento climático dos países de latitude média até por volta dos anos de 1970. Após a independência (1822), o Brasil obteve maior representatividade no cenário econômico mundial e apresentou um acervo considerável de documentos relacionados à caracterização dos seus climas e da atmosfera. Esses documentos são recentes, levando em consideração que os trabalhos mais aprofundados coincidem com a explosão da cafeicultura, que datam dos primórdios do século XX. Esses estudos contribuíram significativamente para estruturar os dados meteorológicos, com foco para a porção centro-sul do país. Nessa época, foram criados o Departamento Nacional de Meteorologia (DNMET), atual Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Com a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1940, a climatologia brasileira foi impulsionada e, na década seguinte, os estudos climáticos começaram a ser deslocados para as regiões Nordeste e Centro-Oeste. A partir de 1960 e 1970, os trabalhos climatológicos foram dirigidos nas perspectivas regionais e locais, além da preocupação com a questão ambiental. A evolução tecnológica no campo da climatologia permitiu grandes avanços nos últimos 20 anos, no entanto, ainda são poucas as áreas detalhadamente investigadas do Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país.
Clima X Geologia                                                                           
A compreensão dos diversos tipos de clima é fundamental para o entendimento das interações entre os climas e os processos geológicos, como a tectônica de placas, formação de montanhas e erosão. As diferenças climáticas globais também estão associadas aos tipos de intemperismo: em locais onde predominam climas úmidos, com altas taxas de pluviosidade, o intemperismo químico será sobressalente; enquanto onde predominam climas secos, o intemperismo físico será preeminente.
É importante ressaltar que os processos geológicos também podem alterar os climas, como acontece no caso dos processos de vulcanismos que liberam gases, como o dióxido de enxofre (SO2) e o dióxido de carbono (CO2). Depois da erupção, o SO2 reage com o vapor d’água na atmosfera para formar aerossóis (pequenas gotículas suspensas no ar e de alta mobilidade) de ácido sulfúrico. Uma camada de aerossóis pode atuar como um “efeito estufa”, impedindo que parte da radiação térmica escape, causando um aquecimento da superfície. Ademais, o impacto climático gerado por uma erupção depende também da altitude a que os voláteis serão ejetados e da latitude do vulcão.
Erupção em El Chicón, México, 1982. 7,5.1011kg de material foi ejetado. A temperatura no Hemisfério Norte foi alterada em -0,2ºC. Imagem: Robert I. Tilling (http://www.geotimes.org/nov07/article.html?id=feature_danger.html)
Conclusão
É fundamental compreender as dinâmicas locais e globais do clima, pois a Climatologia auxilia no entendimento de diversos processos físicos, químicos, biológicos e geológicos que interagem na grandiosidade do sistema Terra-vida. Ademais, do ponto de vista socioambiental, é de extrema importância compreender o que gera as mudanças climáticas para a vida na Terra e investigar suas consequências. 

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Artigo escrito por Amanda Couto e revisado por Carlos Eduardo
Referências
MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina dos Textos, 2007. 206 p.
CHARLES, Cockell et al. (Org.). Sistema terra-vida: uma introdução. São Paulo: Oficina dos Textos, 2011. 344 p.
https://www.ige.unicamp.br/terrae/V12/PDFv11/T056-1.pdf acesso em 07/07/2018
http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-Ametista/Canal-Escola/Elementos-Que-Caracterizam-o-Clima-1267.html acesso em 07/07/2018
http://www2.icnf.pt/portal/ap/pnpg/geo acesso em 07/07/2018
http://climasdomundo.blogspot.com/2009/08/elementos-do-clima-sao-os-atributos.html acesso em 07/07/2018
http://www.professormendoncauenf.com.br/ag_elementosmeteorologicoseclimaticos.pdf acesso em 07/07/2018
http://www.mundogeomatica.com.br/cl/apostilateoricacl/capitulo8-eaporacaoevapotranspiracao.pdf acesso em 07/07/2018
https://novaescola.org.br/conteudo/2206/por-que-a-pressao-atmosferica-muda-com-a-altitude  acesso em 07/07/2018
https://geografalando.blogspot.com/2012/11/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html acesso em 08/07/2018
https://novaescola.org.br/conteudo/2206/por-que-a-pressao-atmosferica-muda-com-a-altitude acesso em 08/07/2018


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