A
Estratigrafia
A
estratigrafia é a ciência do ramo da geologia responsável por estudar as
estruturas, a composição química e mineralógica dos estratos, ou camadas, de rochas
sedimentares com o intuito de determinar os eventos que sucederam sua formação
possibilitando assim a interpretação da história geológica. Entre as
informações obtidas a partir da descrição e análise das rochas estratificadas
estão: o seu ambiente de formação, dados de clima da região em determinado
tempo geológico, a datação de rochas e consequentemente a idade de um fóssil.
Foto1:
The Wave, Arizona, EUA.
Fonte:
The Wow Style
É
atribuído a Nicolaus Steno (1638-1686) o título de pai da estratigrafia, pois
seu pensamento mudou a percepção das pessoas com relação aos fósseis no fim do
século XVIII, sendo essencial para o desenvolvimento das geociências. Ele
descreveu e catalogou centenas de
fósseis comparando-os com seus respectivos correspondentes modernos, com esses
estudos a Paleontologia foi ganhando espaço ao lado da Geologia. Em 1669
publica pródomo de sua dissertação “De solido intra solidum
naturaliter contento dissertationis prodromus” (Um Sólido Natural Contido em
Outro Sólido), tal obra contém três dos principais princípios estratigráficos:
Princípio da Superposição de camadas, Princípio da Horizontalidade Original, Princípio da
Continuidade Lateral.
Imagem
1: Pródomo de Steno
Fonte:
Ese punto azul pálido
Princípio da Superposição de Camadas:
Válido
somente para estratos que estiverem em sua posição original, ele afirma que as
camadas mais recentes sempre irão sobrepor as camadas mais antigas.
Fonte:
LNEG
Princípio da Horizontalidade:
O
estrato quanto sua formação, tem seus sedimentos depositados horizontalmente e
paralelos a superfície de contato.
Fonte:
Mundo Educação
Princípio da Continuidade Lateral:
As
camadas se estendem até a borda da bacia de deposição ou se afinam
lateralmente. Este princípio ajuda correlacionar a idade e a posição inicial de
dois pacotes de rochas contendo mesma
sequência de estratos, quando posicionados em determinada distância.
Princípio da instersecção:
A rocha que intersecta é mais jovem que as
rochas intersectadas.
Princípio da Inclusão:
Fragmentos
de rocha quando inclusos em outra rocha, são mais antigos que a rocha
hospedeira.
Fonte:
Google Imagens
A Litoestratigrafia:
Estuda
a composição e disposição de camadas sedimentares no espaço e no tempo.
Chegando a um agrupamento das unidades em membros,
que sucessivamente são agrupados em formações
(a unidade estratigráfica padrão), seguindo de grupos.
Como
exemplo podemos falar das camadas de calcissiltitos membros da Formação
Salitre, pertencente ao grupo Una.
Fonte:
Rupestre Web Brasil
A
relação espaço-temporal estabelecida pela litoestratigrafia, dita estratigrafia
genética, engloba a geometria dos depósitos, assim como as descontinuidades que
os delimitam, possibilitam correlacionar fácies equivalentes, que seriam
pacotes de rochas com características distintas, sejam elas paleontológicas ou
litológicos, porém se equivalem a uma mesma época paleogeograficamente falando.
A área
da litoestratigrafia se expande e desenvolve principalmente no âmbito das
pesquisas petrolíferas, este crescimento é atribuído ao uso de métodos
geofísicos aplicados a estratigrafia genética, sendo os principais as diagrafias
e a reflexão sísmica. A sísmica permitiu explicar a geometria dos corpos
sedimentares, assim como sua a compreensão das suas relações espaço-temporais o
que era inacessível numa região de afloramento, interpretações sedimentares em
subsuperfície. O que implicou no desenvolvimento da sismoestratigrafia, a base para a estratigrafia de sequências.
A reflexão
sísmica pode estar relacionada a discordâncias, contatos paraestratigráficos
(óleo, água, intrusões, variações de fácies, etc), limites de unidades, ruídos
e distorções.
As
diagrafias possibilitam leitura composicional indireta das camadas, correspondem
a um conjunto de registros de parâmetros e propriedades físicas dos sedimentos
(resistividade, densidade, radioatividade natural, etc). Interpretação das
fácies podem ser feitas posteriormente à correlação de amostras de testemunhos, ou amostras de calha de menor
custo, com os picos dos sinais diagráficos.
Fonte:
Google imagens
Bioestratigrafia:
Um dos
fundamentos da estratigrafia foi estabelecer uma escala do tempo geológico com
base na utilização dos fósseis. Os fósseis não fornecem uma idade “absoluta”
mas ainda são uma das melhores ferramentas para a cronologia relativa. Os
fósseis estratigráficos são os organismos de grande extensão geográfica e de
rápida evolução, são exemplos os trilobitas, os criptógamos vasculares, as
amonites, etc. Eles permitem uma classificação de um estrato ou um terreno,
pelo seu conteúdo biológico.
Uma cronozona se define como o conjunto de
camadas sedimentares depositadas em um período que começa a aparição de
determinada espécie e termina com sua última aparição, e uma biozona de uma espécie corresponde ao
volume de camadas sedimentares que os contém, em um referencial de
espaço-tempo.
Fonte:
FCUL
Radioestratigrafia:
Estimar
as idades, a duração dos processos geológicos são umas das principais metas da
geocronologia. Já citamos os termos cronologia relativa e absoluta, o que pode
transmitir a errônea ideia de precisão, e muitas vezes dados mas precisos são
obtidos por cronologia relativa do que a cronologia absoluta parba a distinção
de dois eventos geológicos.
A
radiocronologia é considerado um dos métodos de datação absoluta, uma aplicação
das descobertas sobre os processos de radioatividade. Quando há um isótopo
radioativo de um elemento contido em algum mineral, partindo do momento de sua
cristalização, este elemento se desintegra progressivamente, um fenômeno irreversível
também chamado decaimento radioativo.
Como
exemplo podemos tomar o método do radiocarbono, ou carbono 14, um método
desenvolvido por Willard Libby um físico-químico americano que propôs que um
isótopo do carbono instável (os isótopos estáveis são o carbono 12 e 13) e
levemente radioativo, poderia existir em matéria viva. Libby e sua equipe
publicaram o primeiro documento de datação por carbono, e em 1960 Willard Libby
recebe o Prêmio Nobel De Química por suas pesquisas e descobertas na datação
por radiocarbono.
Quando
sabemos a quantidade de carbono 14 que é deixado em uma amostra, ele indica a
idade do organismo no momento em que morreu.
Ele é produzido na alta atmosfera por
bombardeamento de nêutrons de átomos de nitrogênio. As plantas e os animais
assimilam o carbono 14 a partir do CO2 ao
longo de suas vidas, ao morrerem essa troca deixa de existir e com o a não
renovação há um decaimento radioativo.
Fonte: Howstuffworks
Magnetoestratigrafia:
É uma
técnica cronoestratigráficaca que permite datar rochas sedimentares e
vulcânicas. O campo magnético terrestre vigora no momento da deposição de
sedimentos, e como consequência ocorre a imantação remanente natural as rochas
sedimentares, que segue a direção do campo
Com
isso as séries sedimentares fornecem a sucessão das inversões de polaridade do
campo geomagnético, estabelecendo constituída por magnetozonas normais (com
direção igual a do campo atualmente) ou magnetozonas inversas. O fornecimento
de intervalos iguais de tempo independente do meio , e em função do fenômeno de
inversão é o objetivo da magnetoestratigrafia.
Fonte:
Mito Revista Cultural
Conclusão:
Os
estudos na área da estratigrafia revolucionaram a perspectiva sobre a idade do
planeta Terra, que na antiguidade acreditava-se possuir 6.000 anos,
possibilitou um novo olhar também sobre
os fósseis. Contribuiu em avanços para a biologia com os princípios da evolução
darwiniana, com a criação da escala do tempo, um importante instrumento
utilizado na geologia e na paleontologia, assim como em estudos de cunho
econômico como a prospecção mineral e petrolífera. A estratigrafia evolui e se
expande com novas concepções e aplicações no cotidiano, se mostra uma área
promissora e que vem atraindo muitos interessados nos últimos anos.
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Referências:
POMEROL,C.
et.al. Princípios de geologia: técnicas, modelos e teorias. 14 ed. Porto Alegre:
Bookman,2013.
https://www.radiocarbon.com/portugues/sobre-carbono-datacao.htm
Artigo escrito por Letícia Brito e revisado por Isabel Schulz
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